A importância de uma cultura ambiental plural, justa e inclusiva

Publicado em 07/10/2025 15:58 — por Ryan Coutinho

Quando recebi esse tema, fiz o seguinte questionamento: em que medida estamos de fato preocupados com o meio ambiente e a sua importância ao nosso redor? Especialmente se levarmos em conta a correria do dia a dia, as demandas que nunca acabam, a constante busca por resultados, que muitas vezes nos causam esgotamento físico, mental e até espiritual. Não é difícil entender a razão pela qual o nosso meio ambiente sofre tanto com a poluição e, consequentemente, com a escassez de recursos naturais e o aquecimento dos nossos oceanos.

 

Entender e aceitar são coisas diferentes!

A resposta é simples de entender, mas difícil de aceitar: se não cuidamos do nosso corpo como deveríamos, seja por simples negligência ou pelo esforço excessivo de alcançar uma perfeição estética inatingível, como trataremos o ambiente em que vivemos? Se nos cobramos tanto por resultados e alta performance, a ponto de comprometermos a nossa saúde, por que o meio ambiente seria uma prioridade?

 

O bode expiatório:

Culpar o capitalismo selvagem das grandes empresas ou a leniência dos governos, como se estes fossem os únicos responsáveis pelo desastre ambiental em que vivemos atualmente, é uma desculpa perfeita para nos isentarmos da responsabilidade nesse processo de mudança! Não adianta querer mudar o mundo se não arrumamos o nosso quarto. Essa frase pode parecer clichê, mas é a mais pura verdade!

 

Mudança de cultura!

A solução está em uma cultura ambiental plural e inclusiva, onde todos sejam protagonistas, e não meros observadores passivos e complacentes. É preciso buscar uma gestão pública participativa e apresentar soluções ao invés de apenas falar dos problemas. Só assim podemos alcançar uma sociedade economicamente inclusiva e ambientalmente justa.

 

O que é justiça ambiental?

A definição encontrada na internet é a de que todas as pessoas têm o direito a um ambiente limpo e saudável, sem discriminação de raça, cor, origem ou renda, e com participação equitativa nas decisões que afetam suas comunidades. O conceito abrange a distribuição justa de riscos ambientais e benefícios, bem como a participação justa nos processos decisórios e o reconhecimento da opressão e das diferenças de comunidades marginalizadas.

 

A história de um caos anunciado!

Em 2006, o cineasta Davis Guggenheim acompanhou Al Gore, ex-candidato à presidência dos EUA, no circuito de palestras para conscientizar o público sobre o aquecimento global. O político pedia uma ação imediata para conter seus efeitos destrutivos ao meio ambiente.

Em 2007, surgiu um outro documentário chamado “A história das coisas” ou “The Story of Stuff” no seu título original em inglês, criado e produzido por Annie Leonard, onde ela apresenta de forma brutal como a nossa construção social provocou uma série de abusos, exageros, desperdício e saturação, e como os nossos padrões de consumo, desde a extração da matéria-prima à venda dos produtos, afetam o meio ambiente.

Ambos denunciaram como alguns países se transformaram em verdadeiras lixeiras ou tiveram os seus recursos naturais drenados de forma voraz e predatória.

 

Protagonismo brasileiro: ECO-92

Rio 92 é como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 3 e 14 de junho de 1992. Chamada também de Cúpula da Terra, a convenção reuniu chefes de Estado e representantes de 179 países, organismos internacionais, milhares de organizações não governamentais e contou também com a participação direta da população. A ECO-92 representou um marco nas discussões sobre a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável.

Veja mais sobre "ECO-92" em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/eco-92.htm

 

Entre os dias 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, a ONU promoveu em Joanesburgo a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Rio+10. Esse evento reuniu representantes de 189 países, além da participação de centenas de Organizações Não Governamentais (ONGs).

Veja mais sobre "Rio+10" em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/rio-10.htm

 

Uma visão holística do mundo que nos cerca!

Ninguém em sã consciência pode viver isolado ou alheio a essa realidade, especialmente quando consideramos o poder que uma atitude individual tem de impactar — positiva ou negativamente — o bioma e o ecossistema que compartilhamos. Pois, como afirmei no início deste artigo, muitas vezes cuidamos do "meio ambiente lá fora" da mesma forma como cuidamos de nós "por dentro". O respeito e o autocuidado são a chave para construirmos um mundo socialmente mais inclusivo, ambientalmente sustentável e humanamente digno.

 

Não compreender essa justiça ambiental é desrespeitoso; ignorá-la é afrontoso. Não se trata de buscar a perfeição ou ser politicamente correto, mas sim de não fracassarmos como seres humanos.

Tags: cultura ambiental
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